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Arquitetos: ATELIERDACOSTA
- Área: 280 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Tiago Casanova
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Fabricantes: GRAPHISOFT, Lunawood, MACIÇA, Simpson Strong Tie, VMZINC
Descrição enviada pela equipe de projeto. Poderia ser algo de efémero, especificamente em madeira - conscientemente não era para um futuro maior que 20, 30 anos -, deveria ser feita em função de uma infância que ainda ia breve e do convívio da família, e finalmente, mas ainda mais importante, a obra deveria ser rápida, muito rápida mesmo, em contra relógio com estes dois últimos “espaço-tempo”. No triângulo em forma de lágrima que encontramos num gaveto de Gemeses, Esposende, em direcção às margens do Rio Cávado, deveriam “caber” então um grande espaço social para toda a família, interior e exterior, e três unidades para pernoite, tudo isso devidamente articulado com a chegada e acondicionamento de alguns carros. Acrescente-se ainda a articulação com todas as condicionantes clássicas da arquitectura, desde os vários compromissos com o lugar, ao diálogo com as regras estabelecidas pelas entidades públicas.
A casa poderia ter dois pisos para libertar o máximo de terreno. Desenhou-se então com planta quadrada, de 10x10m, aproveitando todos os quadrantes da paisagem em redor, fosse pela sua orientação solar, fosse, por exemplo, pela maior vastidão dos bosques a desaparecer de vista a Norte. Para o espaço social, que deveria ser também exterior, reservou-se todo o piso térreo de perímetro sólido: com o “cimento do convívio” fez-se o duradouro betão do embasamento, cofrado em tabuado de madeira de 12cm, colocado na horizontal, assim como é o sentido do seu processo de construção, betonado de cima para baixo. A esta camada do espaço social só se sobreporia uma outra: a verdadeiramente mais efémera e circunstancial dos espaços de pernoite, sobre o quadrado pesado da casa, executada em madeira, também tabuada de 12cm, colocado na vertical, colaborando na montagem do material que, ao contrário do betão, o operário vai aplicando o andaime.
O piso térreo aloja os espaços de produção/serviço da cozinha, da lavandaria e da casa de banho, e todos os outros espaços que, através da colocação de um pilar de betão, se conseguem organizar: a sul, um solário interior prolongado em esplanada exterior, por via de um largo e protegido umbral; a norte, pelo contrário, uma zona de estadia e uma sala de jantar através da projecção de uma bow window. Graças à profundidade e desenho do umbral/alpendre, a abertura de 8 metros de vidro permite ainda assim estar no interior sem o desconforto do vento que, em Gemeses e naquela localização, pode tornar-se perturbador.
Entre a profundidade do umbral a sul e a filigranar bow window a norte, situa-se, a nascente, a escada de acesso ao piso superior, também projectada sobre o terreno. O espaço de acesso aos quartos, acedido pela escada, é um corredor que rasga o edifício e é deliberadamente sobredimensionado para servir de espaço de estar ou trabalhar mais íntimo, como forma de resolver a excessiva colectivização do piso térreo e por não se querer construir um espaço especificamente destinado a essa função.